Olho-te com olhos secos de saudade,
com dor de quem perdeu um filho,
nada em ti expressa a vida e a glória,
dos que por ti doem os corações.
Cadê os teus poetas?
Cadê os cantadores, que há muito por tuas
praças, avenida e ruas amanheciam para te ver
dormir?
Cadê os teus filhos que há muito se foram
sem encontrar o caminho de volta?
No teu caminho tinha uma pedra.
Cansados, teus filhos batem em retirada,
abandonam o lar, sufocam
e secam o rio.
Sem sombra, sem achego,
meu coração assoreou, sem raízes.
Corre junto com a chuva, os passos
que demos na esperança de vencer.
Rasgamos os jeans, pintamos o rosto dark,
invadimos as boites e cantamos uma canção
de amor, insurreição.
Pichamos os teus muros e Igrejas,
escrevemos panfletos, tocamos violão até
às altas, nas letras, o grito...
Tomamos leite e sonhamos em te ver
com um novo ar,
ar... que ficou nosso sonho
entre paralelepípedos lavados pela tua
palidez .
Imagem: naoexistemprofetas.wordpress.com
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