quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012




Eu...tão límpida e leve.
Trago preso à garganta um turbilhão
frenético de ais.
Verto em tintas as cores que
na transparência d'água, em sal,
não me permitem jorrar.

Apenas o infinito brinda o meu olhar...
chorando seco pela retina na cor da
alma que desatina a doer!
Perdido em nuvens a desenhar
um rosto que procuro apagar.

Chuva




Corre na bica meu gemido
que cala na enxurrada e vai...
Por entre ruas lavando
e se arrastando em ais.
Cai no rio sussurrando peixinhos
assanhando fundo em gozo
Assim, em galope sem freio
Assobiando corredeiras , ai!
ouriçando as margens, levantando desejos,
arrepiando pernas, esquentando nervos.
Em correnteza cai e molha o mar
gemendo meu gemido é tomado
em alto som e morre assim...
Calmo na fúria do teu olhar.




fotoseimagens.etc.br

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012






Meu Deus...

quero o silêncio dentro de mim.

Abençoado seja o vazio

cheio de graça, tão

misericordioso,

amante perfeito que

me leva à plenitude.

Regozijo-me ao teu seio e

morro em teus braços.

Sem Antonio





Meus olhos doem por ti
uma ausência lenta.
Meu peito rasga o grito de
há muito e meu corpo reprime
o querer macio do teu, que longe está.
Traga amado o sorriso das minhas
mãos adormecidas de ti.
Beija meus cabelos e acalma a dor,
consola-me da tua falta.
Olhe-me ao espelho e sinta
o meu amor a buscar a tua presença.
Volte e tatua em mim a marca do
teu beijo.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

au revoir







Escrevi em teu muro a lírica
do meu amor.
Agora...
Esgotaram-se os versos...
Mudo meu rumo como pássaros
em mudança de estação,
a velocidade do vento limpará de mim
às lembranças, 
passarei à limpo meus olhos
ávidos  de novos campos.
Nada para além do que ficou...
nenhum sobrevivente...
                                nenhuma voz...
Direção sempre à prumo...
                                            eis o tempo...
                                                               eis a hora.
               

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Assim V





Deito meus olhos em teu colo
chove em mim o vazio lançado
em precipício.

Dorme meus pés na estrada
do teu corpo fincando raiz.
Sozinha...
Os pensamentos caminham em nuvens.

Corre...
         dorme...
                  deita....
vazio cheio de ti.


Voar




Meus pés anseiam novos caminhos
Velhas trilhas que tateias,
não contam mais de ti.
Novos rumos...
É chegado o norte!

Cantiga de Antonio





Cai meus olhos aos teus pés
beijando o passado menino
Me abrigas em tua caixa
resguardando-me de todo mal.

Silencia o tempo em ordem
me fazendo sentir a doçura
dos teus braços invisíveis
que faz volta em mim.

Cerca-me com olhos vigilantes
e  boca sedenta de mil beijos
perdidos na estrada de vinte anos
que agasalha trêmulo meu corpo
distante de ti.


domingo, 5 de fevereiro de 2012

Assim IV





Quando eu acordar desta letargia
verás minhas asas multicor
reluzir contra o sol
e verás o quanto estive
aprisionada em teu ventre.

Chorarás o sal
que amarga a boca
gritarás ao nada
um amor rebelado...
tardio.

Verás que sou praga de sol
que queima e arde em neblina noturna
Que pisarei em aço teu
jardim adormecido de mim.

Me buscarás tardiamente, verás
e sentiras a expressão infinita do mar
em teus olhos levando-me a mar aberto
sem fim.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012











Coma-me
à pele, os músculos
Coma-me
a retina em busca de luz
Coma-me
os silêncios dos teus risos
a dor do estampido no peito
Coma-me
os cabelos cheios de lua
meus braços sedentos de ti
Coma-me
por um dia
à luz da escuridão.
Uma noite...
uma hora...
E devorar-te-ei por mil anos.








Como guardins suaves
visito-te dentro da noite
a sorrir teus sonhos,
acariciando o sol em ti.
Beijo tua boca
em sopro divino,
a transformar em céu
a dor retida em mim.