sexta-feira, 30 de dezembro de 2011





Cantei aos quatro cantos
a alegria do vazio que
não cabia em mim
Vazio que não aborrecia
que me vestia de festa
Triste ai... te perdi,
encheram-me de amores
apagam-se as luzes, as estrelas já não
brilham.
Meus olhos marejaram enfermos.
No peito os dias emudeceram
cortados à faca.
Minha retina abriu-se
em solidão.
O céu caiu dentro de mim.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Você




Bebo tua voz suavemente
com a doçura do mel
da tua língua, roçando
à imaginação febril do
teu amor.

Agarro teus olhos felinos
com braços pálidos de
saudade, tateando
teus risos dentro da noite.

No dorso do teu nome
encontro a brisa cálida,
cheiro de calmaria em
que afogo meu corpo.

sábado, 15 de outubro de 2011

Visceral






Agarro-me à aurora
a sentir o cheiro do teu olhar,
comendo com as mãos a
derme úmida da manhã,
Que veste meu corpo
no calor dos braços,
Queimando a brisa
num doce enlace.

Visto-me de sol
à espera da noite,
a beber num lampejo
o frágil...
           visceral...
                      desejo.





Imagem: Flávio/Baixaki.
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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Alma






Ao riacho correndo busco
Arrebatar a alma...
Sejas como o rio!

Vagueias sem inquietações,
Corres em linhas sinuosas,
Livra-te dos grilhões.

Cantas a mais doce melodia,
Abraçando pedras como a um irmão.
Serenas flores aos braços,
Bebeis de tuas águas... contemplação.

Mãos plácidas, sem prenúncio,
Tocai o teu seio, sem desviar,
Adormeces em teu leito, Oxum.

Morreis quieta ao encontro do mar.
Torneis gigante no infinito azul,
 a alma aprisionada.





quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Sonho



Abraço-te dentro da noite...
risco tuas mãos como fogo,
num lampejo ardente,
na fantasia adolescente
que grita por ti.
Tome meus olhos,
risos, e abarca o jardim 
dentro de mim.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Parto









Escrever um grito engasgado no estomago
pedindo para nascer, parto... fórceps,
dizer  indizível, sentir os sentidos pulsarem na retina
rajada de sangue, comer o azul infinito com fome de menino.
Arrancar com as próprias mãos do útero da história
a inconsciência arrogante e perversa.

Vomitar em branco papel, sujar de Verdade
o caminho nefasto que meus pés trilharam
num tilintar de aros solares a queimar minha tez.

Princesa de trapos, rasque o invólucro!
Mostre teu canto em altas notas... ressoa asas
Pise novamente o jardim virginal.

Purgue da derme o veneno que come a bílis e cospe a vida.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

MEDO



Como posso gritar, se a minha voz foi comprada?
Como posso marchar, se os meus passos são vigiados?
Reina a impunidade nos meus olhos enuviados.

Não me deem ideias,
                            mão, ação...
Me deixem no meu canto
com a bunda ao chão
Não fui eu, isso eu sei, não fui eu!

Passo
        a passos acorrentados.
Como,
        durmo e os dias sempre...
                                       tão iguais.
Não cabe à minha boca
os dizeres da minha consciência...
                                           abafo,
                                                   no vácuo...
                                                              a atitude  morta .



Vera Melo - 27/07/11

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Vazio




Olho-te com olhos secos de saudade,
com dor de quem perdeu um filho,
nada em ti expressa a vida e a glória,
dos que por ti doem os corações.

Cadê os teus poetas?
Cadê os cantadores, que há muito por tuas
praças, avenida e ruas amanheciam para te ver
dormir?
Cadê os teus filhos que há muito se foram
sem encontrar o caminho de volta?

No teu caminho tinha uma pedra.
Cansados, teus filhos batem em retirada,
abandonam o lar,  sufocam
                                       e secam o rio.

Sem sombra, sem achego,
meu coração assoreou, sem raízes.

Corre junto com a chuva, os passos
que demos na esperança de vencer.
Rasgamos os jeans, pintamos o rosto dark,
invadimos as boites e cantamos uma canção
de amor,  insurreição.

Pichamos os teus muros e Igrejas,
escrevemos panfletos, tocamos violão até
às altas, nas letras, o grito...

Tomamos leite e sonhamos em te ver
com um novo ar,
ar... que ficou nosso sonho
entre paralelepípedos lavados pela tua
palidez .



Imagem: naoexistemprofetas.wordpress.com

terça-feira, 31 de maio de 2011

Saudade

                                             



Fera insana,
ronda à  noite com plumagem de espinhos,
sopra o vento
                 fragor de lucidez,
renova o desejo ausente do nada
                 beija-me, com beijos
de thanatos.
Sinto entre névoa
                     escurecer meu coração.
No silêncio absurdo...
                 minhas lembranças
refletidas no espelho.
Tomo os seus passos...
ora apressados,         
                ora  compassados.
Por entre frechas espio
na penumbra.
                Busco em vão a
melodia dos teus pés.
                  Silêncio... 
Ouço
grudado o coração ao ouvido...
você  partir.


Envolta,
olhos fitos no infinito,
em teu farol busco o rumo
de braços abertos,
                 à imensidão.

Beija-me
num arremate,
                 Poseidon!
Draga o meu desejo
com a tua nobre serenidade.

Toma-me de volta
à morada lúcida da areia,
aquieta meus ventos.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Grito


Um grito abafado no silêncio,
entrecorta a garganta pálida
de um coração
                            exilado.


Perdido por entre linhas
                                vago
desejo dentro da pena.


No delírio de te criar,
explode o coração dentro
da alma,
se não pálida
               morta.



imagem: "O grito", Van Gogh.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Encontros




Na doçura dos teus lábios,
tenho um encontro comigo,
profunda
             intensa.
Desejo de ser eterna,
como a aurora dentro dos dias.

Coleciono encontros
como sustos,
                      suspensos
amantes sussuros
E, embalados sob a melodia
o tic tac do relógio.


imagem:http://vallentinepoetisamenor.blogspot.com/

terça-feira, 5 de abril de 2011


Não visito o passado
Nada restou nos escombros do tempo
A cada passo, varro as pegadas
que sempre vivas... renascem além.
Nem lembranças,
nem sonhos molham
                     o papel...
Com o vazio flutuo
na insondável ilusão da minha alma
                                              criar.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Meus pensamentos dançam à minha frente
como bailarinas embriagadas sorridentes
Riem maldosamente de mim pelo erro de amar-te
Rodopiam freneticamente 
embebedando-me com o perfume do doce amargo
da memória.

terça-feira, 1 de março de 2011












 Corro...
 sonho contra o tempo. 
 Nada quero mais da vida...
 ao sabor da liberdade que veste os meus pés,
 a procura de um momento que só cabe em mim.



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011




No papel em branco
a neblina invísivel da tinta pálida
adormece...
agoniza a pena...
Sufoca meu sonho.

...............................................................................
Escrevo!?
Caí uma gota no papel:
morta!
....................................................
Invado o espaço das idéias
e submeto a escrita
à loucura da lógica

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011





Debato-me na estrutura
e a minha poética
grita por espaço.
 















Coloco os pés na areia,
a areia descalça.
Lavo minh'alma...
Dispo-me dos tormentos...
Quero sentir a virgindade da estrada
que caminha meus passos.