sábado, 28 de janeiro de 2012





Meu Antonio


Quando menino entrou em mim.
Teus olhos ávidos banhou-me em sede.
Na memória da janela dentro da noite
a procurar meu corpo... tão meu...  
tão seu...
Lambe meu espelho que trêmulo
repete em versos teu nome...
An...
     to...
        nio...
que ecoa em brasas na manhã,
silencioso...
a procurar por mim...
                         a esperar...
                                          enfim.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Balada para Esquecer






Como uma droga mortal
embebeu a  minha íris
delirando desejos de
amor eterno.

Falso fausto
que embrutece
dentro do peito o
frio da noite que cala o fim.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Assim III






Dentro da noite habita
o meu medo
teus olhos insanos acompanham meus passos
como lunático pérfido
a comer minhas horas de insônia.

Corro de ti
em busca de braços
Portas a se abrirem no doce
enlevo do tórax
com perfume de jasmim.

Abranda meus olhos
cerceia as dúvidas
rasga minha estrada
com dedos firmes
de prazer.

sábado, 21 de janeiro de 2012






Seca da minha boca o frio desejo de ti.
Cala à faca que amola o fim.
Come com gana a mordaz fome
do ódio que habita em mim.
Desgraça que se abateu sobre
o sol límpido do meu jardim,
reverenciando a saudade
noturna que em breu
caiu à minha pele rubra,
em olhos tristes a pronunciar
o fim.



Assim II





Retira de mim o mau...
espreme à derme
o ácido riso que enfeita
tua face.

Ri...
teus falsos risos
que mal abarca à boca.
Chora...
em lágrimas secas
desenhadas na máscara
do palhaço que naufraga em mim.















Amor...
                   criança birrenta.

O amor é menino
não precisa de muito para viver
um doce, um cheiro, um cafuné,
rua larga a correr...
banho de chuva... barquinho a deslizar
enxurrada alta...
lá vai a pipa no ar!

Assim é o amor,
em todo o seu frescor...
liberdade para bater os braços
na chuva que cai.
Pensamento ligeiro...
olha a nuvem, virou um coelho...
um monstro... um carneiro!!!

Quero meu amor assim,
feito menino birrento, encrenqueiro,
mas quando dormes, um anjo... tão doce,
coração aperta de desejo... cuidar, zelar
beijar, proteger dos monstros em baixo da cama.

Meu amor birrento, criança que não dorme
o mundo adulto te invadiu...
os novos monstros em baixo da cama,
e eu aqui... longe... a cuidar de ti.

Vera Melo _ 20/01/2012.












Como o brilho do sol
Volto para ti, refletindo 
Um sorriso de outrora
Velho conhecido seu.
Cheia de esperança no olhar.
Conto na memória da alegria
Inefável da tua imagem.
Doce criança a correr
Em teus braços os suspiros
Do tempo tão
Amado...








Como uma brisa suave
Sinto seus passos
A folhear a minha página
Como um sussurro dentro da noite
Quebrando o silêncio dentro de mim.

Busco encontrar-te
Nas lembranças de outrora
Que jorram meus olhos
Pela tela, ávidos em sobressalto
A sorrir enfim.


Vera Melo - Sociedade dos Poetas Vivos.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Assim...





Carrego em mim a dor do mundo
pedra na lima que bate no peito
rasgando o riso louco do  louco
que abriga em mim.

Carrego todas as nuvens
chumbo, abrindo em
metálico brilho os olhos
da manhã.

Nada nas mãos...
pois cabe no ventre
o peso dos teus olhos
a vigiar o vazio em mim.

Morro, morta, de morrer
em ti,
que em silêncio beija
a estátua fria de marfim.










Fecho os olhos por um instante e vejo 
sua imagem, tão nítida,
perfeita como antes.
Antes... um passado tão
distante... olho para trás
não consigo concebê-lo.
Mas tua imagem... basta
fechar os olhos por um instante,
e aí está você...
Ainda conserva o mesmo frescor.